
Última peça escrita pelo dramaturgo russo Anton Tchecov (1860-1904).
Comédia dividida em quatro atos, a peça conta as peripécias de uma família aristocrata em decadência, que resiste em vender o seu jardim de cerejeiras, ao qual atribui valor afetivo, apesar de improdutivo nos últimos tempos. Um homem de negócios chega para tentar adquirir a propriedade e transformá-la em balneário para veranistas, de olho no potencial turístico.
A peça Os sete gatinhos foi escrita no ano de 1958 e narra a história de uma família suburbana do Rio de Janeiro, que tem o desejo de casar Silene, a virgem, filha e irmã caçula, para dessa forma salvar a família da degradação moral e social que a acomete. Suas outras quatro irmãs se deixam prostituir para guardar dinheiro para o enxoval da irmã que está em um colégio interno só para moças. Assim, Silene era preservada das sujeiras mundanas.
Síssi na Sua é o segundo álbum ao vivo da cantora e compositora brasileira Marina Lima, lançado em 2000. Foi gravado ao vivo em São Paulo, durante apresentações do show de mesmo nome. Conta com músicas dos álbuns Pierrot do Brasil e Registros à Meia-Voz, além de grandes sucessos de outros discos da cantora. Dirigido pelo ator Enrique Diaz, com texto de abertura de Fernanda Young, foi um show com ares teatrais, sucesso de público e crítica.
O Ninho de Franz Xaver Kroetz, é uma continuação de Cidade Alta. João é motorista de caminhão; Marta, sua mulher, costura para fora e cuida da casa. Enquanto Cidade Alta gira em torno da descoberta da gravidez, O Ninho começa com Marta visivelmente grávida de aproximadamente sete meses.
Não há nenhum conflito aparente no início da peça. João é um homem trabalhador. Submetido às regras estabelecidas pelo patrão, sem nunca questioná-las, completa o orçamento da casa fazendo o máximo de horas extras que pode conseguir. Seu esforço é movido pelo desejo de oferecer ao filho que vai nascer todas as regalias consideradas necessárias pela sociedade consumista na qual o casal está inserido. O bebê nasce.
João aceita um trabalho especial do seu patrão (que na sua opinião é um homem bom e correto), e, sem saber, transporta um carregamento de substâncias tóxicas, que despeja no lago onde, mais tarde, a mulher e o filho vão tomar banho. O bebê, gravemente ferido, fica entre a vida e a morte. Marta, frente à confissão de João de que foi ele quem derramou veneno no rio, pensando ser vinho, acusa o marido de ser responsável pelo acidente e chama-o de macaco amestrado. Kurt, numa tentativa de auto-punição, tenta se matar e não consegue.
A criança sobrevive e os personagens passam por um processo de conscientização. João denuncia seu patrão à polícia e, negando as tentativas de suborno de seu chefe, descobre o sindicato, que o apóia. Porém, os personagens de Kroetz não tem certeza absoluta das coisas. Fica-lhes a insegurança. Não há uma preocupação em resolver o conflito da peça de maneira definitiva. A peça não pode apenas solucionar um problema. É preciso instaurar também uma dúvida. E não resolvê-la. Deixar no ar. Não existe solução. Depois da conscientização estamos apenas preparados para começar tudo de novo.
Fonte: Cia Livre de Teatro
A história do Arena era o espetáculo. A Cia. Livre ocupou o Arena durante 2004, teatro que é administrado pela Funarte, órgão do Ministério da Cultura. O grupo abriu dois flancos: 1) criação de um espetáculo, “Arena conta Danton”, encenado por Cibele Forjaz e contemplado pela Lei de Fomento; e 2) prospecção das peças e da gente que passou pelo Arena desde sua inauguração, em 1955, projeto patrocinado pela Petrobras.
Um show de Zélia Duncan com direção de Regina Braga e assistência de direção de Isabel Teixeira. “ToTatiando” é uma declaração de amor à obra de Luiz Tatit e à São Paulo, cidade que sempre despertou a curiosidade e aguçou o desejo de Zélia ser artista. Ao invés de músicas feitas para teatro, é o teatro feito a partir da música.
Um Samuel Beckett excessivo. E desconhecido. “Eleutheria”, peça inédita apresentada no país por alunos da Escola de Arte Dramática (EAD) sob direção de Isabel Teixeira, revelava uma faceta obscura do autor irlandês que revolucionou a linguagem teatral do século 20 e morreu em 1989.
Na obra, não há sinal do minimalismo exacerbado que norteia a linguagem beckettiana. O dramaturgo, romancista e poeta surpreende ao construir uma superprodução composta por 18 personagens, flertando com o vaudeville e o melodrama.
Uma adaptação do texto da escritora argentina Sylvia Molloy dirigida por Isabel Teixeira. Nessa obra que serviu de base, Sylvia revela o diário escrito a uma amiga, que sofre com a perda gradativa da memória, e apresenta uma delicada declaração de amor.
No enredo, uma mulher solitária resolve sair de uma metrópole para viver em uma via expressa, afastada da cidade. Um dia recebe a visita de uma amiga e seu namorado. Surpreendentemente, o encontro é capaz de mudar a vida dessas pessoas. Além disso, encontra três definições para a peça “comédia de suspense”, “triângulo amoroso” e “referência cinematográfica”. A comicidade na peça é obtida por meio do suspense presente nas dramatizações. Para Isabel, conciliar suspense e terror no teatro aproxima as encenações à comédia. Entre os cineastas de filmes de terror pesquisados para as referências estão Alfred Hitchcock, Brian de Palma e David Cronenberg.
A peça extrai teatralidade de versos de Carlos Drummond de Andrade e Mario Quintana e, ao lado do cantor Celso Sim, solta a voz afinada em sambas de Cartola, Nelson Cavaquinho e Candeia. em qualquer traço de melancolia, Regina Braga e Celso Sim passeiam por alegrias e reflexão da terceira idade e encontra espaço para a irreverência.
Ao entrar no teatro, o público é surpreendido com uma roda de samba. Cinco instrumentistas puxam o ritmo através de violões, pandeiros e cavaquinhos, deixando a plateia curiosa para entender de que forma Regina Braga será inserida na inusitada proposta. A atriz, no entanto, tem trilhado caminhos ousados nos últimos anos, como o monólogo-instalação Desarticulações e direção do performático espetáculo ToTatiando, da cantora Zélia Duncan. Desta vez, Regina construiu ao lado do marido, o médico Drauzio Varella, uma dramaturgia que reúne poesia e canções em torno de um tema delicado: o envelhecimento.
Sob a direção cênica de Isabel Teixeira e musical de Bia Paes Leme, a atriz, que completou 70 anos no dia 28, extrai teatralidade de versos de Carlos Drummond de Andrade e Mario Quintana e, ao lado do cantor Celso Sim, solta a voz afinada em sambas de Cartola, Nelson Cavaquinho e Candeia. Sem qualquer traço de melancolia, a dupla passeia por alegrias e reflexão da terceira idade e encontra espaço para a irreverência. O número final, Cuidado, Vovó, da Velha Guarda do Império Serrano, é um exemplo. Em dueto com Celso Sim, Regina mostra disposição para brincar consigo mesma, arrancando risos do espectador e, principalmente, também se divertir.
Fontes: Veja SP, Lu Lacerda
Construído a partir de fragmentos de obras de diversos autores de literatura latino-americana, em conjunto ao cenário sociopolítico do continente, o contundente espetáculo da companhia Ultralíricos sugere reflexões acerca de questões urgentes, como educação, violência, consumo desenfreado, protestos, binarismo político e ideológico, não valorização da cultura e falta de consciência histórica.
O velho Hamm (Renato Borghi) está cego e paralítico. Seu parceiro Clov (Élcio Nogueira Seixas) tem uma estranha enfermidade que o impede de sentar-se. Junto deles habitam outros dois mutilados, Nagg e Nell, pais de Hamm, que vivem dentro de latas de lixo. Os quatro personagens dividem um abrigo, refugiados de uma terra devastada, que Clov espia com uma luneta através de pequenas escotilhas. Não há pistas sobre que espécie de apocalipse criou tamanha desolação. No jogo da sobrevivência, Hamm dá as ordens, enquanto Clov cuida da cozinha e outras questões de ordem prática. A peça começa quando o jogo se aproxima do fim.
Partiu de um estudo minucioso da vida e das cartas de amor de Carmen Miranda. No Museu de Cera dos Carnes (a vitrine), dois atores, Carne 1 e Carne 2 (duas vozes para uma mesma figura), estão constantemente expostos. As duas figuras mergulham numa viagem humana e pessoal: sofrem por um amor não correspondido e transitam por diversas paisagens e patologias da paixão.
Na montagem, as atrizes Andrea Tedesco e Sabrina Greve sobem ao palco para contar a história de duas mulheres, uma que tenta terminar um texto a curto prazo, e outra que é contratada para ajudá-la, digitando, sendo a primeira pessoa que ouve a narrativa sendo formulada. Aos poucos, a urgência dessa história é revelada, bem como o enfrentamento entre elas.
‘People vs People’ é a segunda peça da Te(a)tralogia da Manipulação que irá abranger quatro peças criadas por um mesmo grupo de artistas. Como base para a construção de uma linguagem própria, todas as peças têm como fio condutor a questão da manipulação em períodos específicos da história mundial. Em PEOPLE vs PEOPLE, o personagem principal é o discurso. Com o intuito de “aumentar a frequência” da figura do manipulador, optou-se por eleger a narrativa de um discurso coerente enquadrado numa realidade distorcida.
A 3ª peça da Te(a)tralogia da Manipulação, PEOPLE vs. TESLA, com patrocínio da Eletrobrás, em fase de criação, se debruça a investigar o inventor Nikola Tesla. A dramaturgia parte de um profundo estudo de seu trabalho e da autobiografia do inventor, escritos e artigos. Tesla era um visionário. Manipulava a energia a favor da evolução da sociedade e, por outro lado, era manipulado pelos sistemas do capital que o barravam.
Com direção de Isabel Teixeira, “São Paulo” revela histórias encantadoras, garimpadas ao longo de anos, sobre uma cidade que assusta, desafia, acolhe, estimula e sempre surpreende. Dividindo o palco com Regina, um grupo músicos e atores traz à tona versos, contos e melodias que mostram uma cidade única, contraditória, misteriosa e muito divertida.