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Central Isabel Teixeira

E se elas fossem pra Moscou?

Uma peça, mas também um filme em que os registros de câmera ao vivo eram feitos pelo diretor de fotografia, Paulo Camacho, baseado em As Três Irmãs, de Anton Tchekhov com isabel Teixeira, Julia Bernart e Stella Rabello. Camadas e mais camadas para falar sobre a utopia. Sobre o não lugar. Sobre o “lugar” que imaginamos mas onde nunca estamos.

Dois espaços diferentes entrelaçados. Um é a utopia do outro, mas cada um é completo em si. No teatro, filmamos, editamos e mixamos ao vivo o que se vê no cinema no mesmo instante. Simultaneamente as duas artes coexistem. E o público escolhe de qual ponto de vista quer ver essa história sobre três mulheres de hoje, três irmãs em diferentes fases da vida, desejando a mudança.

Peça da Cia Vértice de teatro, sob a direção de Christiane Jatahy, foi apresentada na França nos teatros: Parvis Scène Nationale Tarbes Pyrenees, Médiathèque L’espal, Teatro Palamostre, Théâtre Populaire Romand.

No dia em que Irina (papel de Julia Bernat) comemora 20 anos — e tenta esquecer o primeiro aniversário da morte do pai —, ela e as irmãs Olga (Isabel Teixeira) e Maria (Stella Rabello) dão uma festa. O público assiste às três personagens lidando com seus desejos de mudança, medos e frustrações.

E se Elas Fossem para Moscou? acumula tempos. Sua origem reside no passado. Conforme já dito, o ponto de partida foi a peça de Tchekhov, escrita em 1900, e o cenário conserva um perfume de antigamente. A questão temporal também se encontra na base da conexão entre teatro e cinema, na medida em que a primeira manifestação está fincada no aqui/agora da apresentação, e a segunda, no passado, no sentido da exibição de imagens previamente gravadas.

Apresentações

Festivais e Espetáculos Nacionais e Internacionais: Theatro São Luiz – Alkantara Festival (Lisboa, Portugal), Le CentQuatre (Paris, França), Holland Festival (Amesterdão, Holanda), Carrefour International Festival of Théâtre (Quebec, Canadá), Noordezoon Performing Arts Festival (Groningen, Holanda), Alta Temporada (Girona, Espanha), Théâtre National Wallonie-Bruxell (Bruxelas/Bélgica), Zurcher Theatrespektakel (Zurique, Suíça), La Colline (Paris, França), MIT (São Paulo, Brasil), HAU Hebb el am Ufer (Berlim, Alemanha), Festival Mladi Levi (Liubliana, Eslovênia), Teatro Nacional Croata, Piccolo Arsenale – Bienal de Veneza (Veneza, Itália), Kampnagel (Hamburgo, Alemanha), festival Cena Contempôranea (Brasília/Brasil), Festival de Teatro de Curitiba (PR/Brasil), Teatro Vila Velha – Fiac de Salvador (França), Festival lille3000 (Lill e/ou França), Scène Nationale (França), Festival de Lille (Lille e França), Théâtre Populaire Romand (La Chaux -de-Fonds / Evreux-Louviers (Louviers / França), Teatre Jarazca – Nowa Klasyka Europy Festiva l (Lodz / Polónia), La Comédie (Saint-Étienne / França), Le Parvis Scène Nationale Tarbes-Pyrénées (Tarbes / França) , Teatro Palamostre (Udine/Itália)

E se Moscou pudesse ser o que quiséssemos imaginar? Se Moscou fosse o passo em direção à mudança? Fosse o salto no abismo que nos leva ao novo? Fosse de alguma forma nascer de novo? A partir do texto As Três Irmãs, de Anton Tchekhov, fazemos essas perguntas e as levamos para o teatro, para o cinema e para as cidades, desdobrando-as em múltiplos olhares e pontos de vista. Camadas e mais camadas para falar sobre a utopia. Sobre o não lugar. Sobre o “lugar” que imaginamos mas onde nunca estamos. E se Elas Fossem para Moscou? é uma peça, mas também é um filme. Dois espaços diferentes entrelaçados. Um é a utopia do outro, mas cada um é completo em si. No teatro, filmamos, editamos e mixamos ao vivo o que se vê no cinema no mesmo instante. Simultaneamente as duas artes coexistem. E o público escolhe de qual ponto de vista quer ver essa história sobre três mulheres de hoje, três irmãs em diferentes fases da vida, desejando a mudança.

No início de E se Elas Fossem para Moscou?, Isabel Teixeira diz que os espectadores talvez não estejam diante de uma encenação e nem de um filme, mas de ambos. “É nesse espaço entre que a gente vai se reinventar”, diz. No entanto, esse “entre” não desponta como indefinição – no sentido de um híbrido que não se afirma nem como teatro, nem como cinema – e, sim, como acúmulo. Realizado pela diretora Christiane Jatahy como um díptico – diferentes plateias assistem à montagem e ao filme resultante do registro de cada apresentação –, E se Elas Fossem para Moscou? acumula teatro e cinema, passado e presente, atuação diante do público e da câmera, espaço da cena e da plateia. Cabe investigar cada um desses acúmulos.

Nos jornais...

As atrizes interpretam visando tanto ao espectador quanto à câmera. As plateias da encenação e do filme têm diferentes acessos às atuações. Eventuais sussurros transmitem organicidade ao público da montagem ao revelarem que as personagens permanecem pulsantes quando não estão no foco, ao mesmo tempo em que se destinam à dimensão intimista da câmera. O registro de atuação parece servir aos dois “veículos”: uma naturalidade refinada, que resulta da ocultação do processo de construção. No início e no final, as atrizes parecem falar em primeira pessoa, o que minimiza, em parte, o peso da mensagem frisada (“Como a gente faz para mudar de verdade?”) na dramaturgia e dota o resultado de sinceridade febril. Julia Bernat aproveita a passionalidade da juventude; Stella Rabello impõe autoridade a uma personagem controladora; e Isabel Teixeira, diferentemente das colegas de cena, não conta com o recurso da contundência e se destaca pela sutileza com que projeta, por meio do olhar, as frustrações de Olga.

Galeria de vídeos

Galeria de fotos

Fontes: Folha de São Paulo, Acervo Henrique Mariano, REDCAT, MIT SP, Veja SP, Teatro Nacional D. Maria II, Carrefour international de théâtre.